O lugar não poderia ser mais nobre. A bela vista é para a Baía do Guajará, uma das paisagens mais emblemáticas da capital paraense. Mas o cenário hoje é de abandono pela prefeitura. Mato, pichações, consumo de drogas em plena luz do dia. Assim é o entorno da área portuária de Belém, onde fica, por exemplo, a praça Waldemar Henrique, lugar que seria destinado a realização de eventos (tem até uma concha acústica), mas onde a visão é de um espaço sem segurança ou qualquer manutenção.
Vizinho à Estação das Docas, ponto turístico de Belém, o entorno virou um problema, capaz de afugentar quem deseja visitar o lugar. “Essa área já deveria ter sido melhor aproveitada. Ali há espaço para o comércio, de serviços e bens como artesanato e para a visitação turística”, diz a assessora econômica da Federação Paraense do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-PA) Lúcia Cristina Lisboa.
Segundo ela, hoje o lugar está “desperdiçado”. “Poderia ter um uso mais efetivo o que reduziria a insegurança”, completa afirmando que um melhor aproveitamento levaria à geração de negócios que podem ajudar a impulsionar empregos e renda. “Embelezaria a cidade e movimentaria a economia”, afirma.
Benefício
O engenheiro e professor da Universidade Federal do Pará Nagib Charone se diz um apaixonado pela obra do porto de Belém. “Ali são 2 mil metros de cais, seguramente uma das maiores obras já feitas no Pará, perdendo apenas para as hidrelétricas”, comenta. “É uma pena ver esse abandono. Tudo jogado às baratas”, afirma se dizendo a favor de um projeto para melhor utilização do lugar. “Precisa ser um projeto integrado que beneficiará toda a cidade”.
Presidente do Sindicato de Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares do Pará, Fernando Soares diz estar preocupado com a decadência da Estação das Docas. “Há muitos espaços fechados”. Para Soares, qualquer intervenção na cidade deve ser muito bem planejada. “É preciso fazer tudo de maneira muito planejada e integrada, mas algo precisa ser feito porque a área portuária precisa ser revitalizada”, garante.
Projeto Belém Porto Futuro revitalizará todo o entorno
Com recursos já garantidos, está em planejamento o projeto que poderá revolucionar a área e pôr um fim ao atual cenário de abandono e insegurança. É o “Projeto Belém Porto Futuro” que foi lançado em 2016 pelo hoje ministro da Integração Nacional Helder Barbalho, quando ainda ocupava a pasta dos Portos. A obra está orçada em cerca de R$150 milhões. Em janeiro deste ano, Helder apresentou o projeto na Associação Comercial do Pará e a expectativa é de que outras entidades conheçam e discutam a proposta. A área atingida pelo projeto é de aproximadamente 62 mil quilômetros quadrados e inclui o centro, próximo à Doca, e o porto de Miramar.
Uma das intervenções será no lugar onde hoje estão os armazéns da Companhia Docas do Pará, na rua Marechal Hermes, indo da escadinha do cais do porto até o portão principal, na Doca de Souza Franco, excluindo apenas o trecho onde já está o Terminal Hidroviário.O projeto prevê a construção de um parque com lago contemplativo, praça infantil, área de convivência, praça de alimentação, feira livre e mercado. Também fazem parte do projeto a construção de um píer para navios turísticos e de um Centro Cultural Paraense, com destaque para o Museu de Arte Moderna . O início das obras está programado já para o segundo semestre deste ano.
Fonte: Diário do Pará