Estudo da Fecomércio-PA com base na pesquisa mensal do Comércio (PMC/IBGE) demonstra que o volume e a receita de vendas do comércio no período de janeiro a agosto de 2016, registraram decréscimos de - 12,1% e -0,1%, respectivamente. No caso da média do Brasil, as vendas declinaram -6,6% e a receita nominal acumulou 5,1%. Nos resultados da receita nominal, se imputar a inflação acumulada, os resultados evidenciam perdas de receitas.
Na desagregação por atividades econômicas, os dados disponíveis são para o total do Brasil e por estes, verifica-se que todos os segmentos do comércio tiveram redução no volume de vendas no acumulado do ano, computados até agosto de 2016 (PMC/IBGE).
O volume do setor de serviços no estado do Pará também apresentou desempenho negativo no mês de agosto de 2016, com redução de -5,7% na comparação com o mesmo mês do ano anterior e já acumula queda -3,5% (IBGE), com relação ao mesmo período de 2015, seguindo a tendência do país, que reduziu em -4,7%. A receita nominal também decresceu – 0,6%.
Em todos os meses do ano, o volume de serviços vem declinando no estado e no país. Analisando as estatísticas da pesquisa mensal de serviços, observa-se que com exceção dos serviços de tecnologia da informação (3,1%), todos os demais registraram queda no volume demandado.
Os impactos da crise econômica, com a deterioração dos fundamentos da macroeconomia nacional e reflexos sobre as economias estaduais, têm gerado efeitos sobre a demanda pelos serviços, com mudanças na intenção de consumo das famílias e na capacidade de geração e manutenção dos empregos.
A fragilidade do mercado de trabalho, a crise de confiança, o encarecimento do crédito, o elevado nível de endividamento das famílias, a taxa de inadimplência e o comprometimento da renda com dívidas realizadas anteriormente para pagamento futuro, afetaram as vendas com redução na intenção de consumo atual das famílias em -2,6%.
No que se refere ao mercado de trabalho, considerando todas as atividades econômicas, o saldo do emprego formal entre os admitidos e desligados de janeiro a setembro de 2016 no estado do Pará, evidencia redução no número de empregos formais com carteira assinada de – 21.380 (Dados MTE/CAGED), tendo sido eliminados cerca de 7.338 postos de trabalho nos segmentos de comércio e serviços. Mas o setor de construção civil foi o setor que mais demitiu, com saldo negativo de -11.771. Isto significa que no ano até o mês de setembro, já há uma redução de - 2,76% no estoque de emprego formal dos celetistas referente ao conjunto das atividades econômicas, com queda mais acentuada (- 11,82%) no nível de emprego da construção civil.
Dessa forma, com a fragilidade no mercado de trabalho, as perdas no volume de vendas e nos serviços acumuladas no ano, as dificuldades do consumidor e retração no consumo e ainda a crise de confiança, impactados pela crise e os efeitos da política econômica nacional, as perspectivas para novas contratações são de aumento temporário em torno de 2% no quadro de trabalhadores do setor comércio e serviços.
Assim é que, mesmo considerando aumento na demanda para os próximos meses, em função da sazonalidade da época, dada as festas de final de ano e a inserção no mercado dos recursos do 13º salário, a perspectiva é de que ocorrerão contratações, porém em nível menor dos que as realizadas nos anos anteriores.
Lúcia Cristina Lisboa / Assessoria Econômica