Os problemas decorrentes da crise econômica brasileira vêm causando fortes impactos negativos sobre o setor de Material de Construção. A inflação e juros elevados, dificuldades de crédito, desemprego, quedana confiança do consumidor e dos empresários, recuo na intenção de realização de reformas e ainda os fatos negativos envolvendo empresas importantes do setor - o que também provoca recuo nos investimentos e adiamento de novas obras de infraestrutura-, são fatores que comprometemas vendas e lançamentos das construtoras. Tudo isso, corrobora para declínios na indústria e nas vendas do comércio varejista de material de construção.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Material de Construção - ABRAMAT, o faturamento da indústria de materiais de construção no Brasil caiu 20,5% em janeiro/2016 na comparação com os resultados obtidos em janeiro/2015. Informa ainda que foi a 24ª queda consecutiva, de acordo com a entidade (dados divulgados pelo jornal Valor Econômico).
Para o setor, os indicadores de empréstimos para aquisição ou reforma de imóveis sinalizam as possibilidades futuras, e infelizmente, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), em janeiro/2016, o volume de empréstimos recuou mais de 30% na comparação com dezembro. Fato que compromete o desempenhoda atividade.
Considerando dados disseminados no Valor Econômico referente às informações da ABRAMAT de que:“Historicamente, o setor imobiliário responde por 32 por cento das vendas de materiais de construção no país, enquanto o de infraestrutura chega a 18 por cento e as reformas residenciais correspondem a 50 por cento do total.”, pode-se inferir que a conjuntura econômica atual, na qual observa-se escassez de crédito, desemprego e recuo nos investimentos comprometem a produção e as vendas nos próximos meses.
No aspecto específico do Comércio Varejista de material de construção, dados do IBGE, com relação ao total do Brasil indicam que as vendas do setor caíram -8,4% e a receita nominal -4% no ano de 2015 em relação ao ano anterior. Já em 2016, os resultados são mais agravantes, em janeiro/ 2016, comparado com o mesmo mês de 2015, houve decréscimo de -18,5% no volume de vendas e - 14,8 % na receita nominal.
No caso do Estado do Pará, o volume de Vendas do Comércio Varejista, incluindo todas as atividades, decresceu 4,9% no ano de 2015 e 9,7% no mês de janeiro/2016. E foi o setor que mais demitiu. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE/CAGED registram que no ano de 2015, houve uma queda no estoque de emprego formal do setor de -20,61%, com relação ao estoque do ano anterior. E nos meses de janeiro e fevereiro foram 3.064 demitidos. Nos últimos dozes meses as demissões do comércio de material de construção somaram 25.513, com baixa no estoque de ocupações com carteira assinada de menos 20,90%.
Expectativas:
Para 2016, a ABRAMAT estima retração de 4,5% do faturamento deflacionado das indústrias de materiais de construção. (Informações acessadas em www.valor.com.br/empresas). E as projeções da ABRAMAT para o setor, infelizmente é de demissões.
Com relação a expectativa para as vendas do Comércio Varejista também é de redução em torno de 5%, segundo Fecomércio-PA, analisando a conjuntura econômica atual e as projeções da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Infelizmente, por enquanto não é possível fazer projeções otimistas, dado que a insegurança, o desemprego, a recessão e a incerteza neste início do ano ainda prevalecem, apesar dos esforços dos agentes locais, como o governo do Estado, empresários , entidades de classe, etc., para medidas que possam estimular, induzir e atrair investimentos para a economia paraense.
Lúcia Cristina Lisboa
Assessoria Econômica Fecomércio-PA