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Conjuntura Econômica e Política Brasileira geram decréscimos nas Vendas e aumento da inadimplência

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Conjuntura Econômica e Política Brasileira geram decréscimos nas Vendas e aumento da inadimplência

15/04/2016 09:49:06

A crise econômica no Brasil tem fortes impactos sobre as atividades econômicas dos Estados. O quadro da conjuntura no estado do Pará demonstra os efeitos da crise nacional, com decréscimos nas vendas do comércio varejista, aumento da inadimplência, redução dos investimentos; recuo na intenção de consumo; redução nos postos de trabalho, queda no índice de expectativa e confiança do comércio e dos empresários, etc. Os problemas atuais da crise política e dos fundamentos macroeconômicos contribuem para a configuração de um cenário difícil e desafiador para 2016. Os indicadores da economia referentes aos primeiros meses de 2016 confirmam essas dificuldades. 

 O Comércio Varejista continua sofrendo impactos da crise econômica. Em janeiro /2016 as vendas no Estado do Pará decresceram -9,7% na comparação com o igual mês de 2015 (com base na PMC/IBGE).  Quadro verificado também para a média do Brasil cujas vendas no mês de janeiro/2016 foram -10,3% menor que a verificada no mesmo mês do ano anterior. 

No comércio varejista ampliado, quando são incluídos os resultados das vendas de material de construção e automóveis a queda nas vendas no Pará é mais agravante: -14,2%.  Na média do Brasil no mês de janeiro/2016, o decréscimo no comércio varejista ampliado foi de -13,3%. (PMC-IBGE).

A receita nominal de vendas no mês de janeiro para o comércio varejista ampliado no estado do Pará foi negativa em – 5,9%.  A situação da média do Brasil também foi deficitária com – 4,7%. (Dados PMC/IBGE).

Os desempenhos de todos os segmentos econômicos que compõem a pesquisa da PMC/IBGE, para a média do Brasil, considerando o comércio varejista ampliado foram negativos, sendo os mais expressivos os resultados do volume de vendas das atividades: móveis e eletrodomésticos (-24,3%); equipamentos e material para informática e comunicação ( -24%); veículos e motos, partes e peças (- 18,9%); material de construção (-18,5%); combustíveis e lubrificantes ( -14,1%); Tecidos, vestuário e calçados (- 13,8%);  livros, jornais e papelaria (- 13,3%), etc.

 

BRASIL - INDICADORES DO VOLUME DE VENDAS DO COMÉRCIO VAREJISTA E COMÉRCIO VAREJISTA AMPLIADO SEGUNDO GRUPOS DE ATIVIDADES: PMC – JANEIRO/2016

Atividades

jan/16

12 MESES

 

COMÉRCIO VAREJISTA (1)

-10,3

-5,2

 

1 - Combustíveis e lubrificantes

-14,1

-7,3

 

2 - Hiper, supermercados, produtos Alimentícios, bebidas e fumo

-5,8

-3

 

3 - Tecidos, vestuário e calçados

-13,8

-9,5

 

4 - Móveis e eletrodomésticos

-24,3

-15,9

 

5 - Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria

-0,2

2,6

 

6 – Livros, jornais, revistas e papelaria

-13,3

-11,4

 

7 – Equipamentos e materiais para escritório informática e comunicação

-24

-5,4

 

8 - Outros artigos de uso pessoal e doméstico

-12,5

-2,7

 

COMÉRCIO VAREJISTA AMPLIADO (2)

-13,3

-9,3

 

9 - Veículos e motos, partes e peças

-18,9

-18

 

10- Material de Construção

-18,5

-9,7

 

Fonte: PMC/IBGE          Tabela modificada: FECOMÉRCIO/PA
(1) O indicador do comércio varejista é composto pelos resultados das atividades numeradas de 1 a 8.
(2) O indicador do comércio varejista ampliado é composto pelos resultados das atividades numeradas de 1 a 10

 

As pesquisas da CNC/FECOMÉRCIO-PA: Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor- PEIC; Índice de Intenção de Consumo das Famílias – ICF e Índice de Confiança do Empresário do Comércio – ICEC, além de confirmar o quadro atual, apresentam indicadores que evidenciam dificuldades para o desempenho global do ano de 2016 e possíveis limitações para a reversão desse cenário no curto prazo.

Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor- PEIC: Síntese dos Resultados.

Endividamento: A taxa de endividamento do consumidor paraense no mês de março/2016 ficou em 74,9%. Ao longo dos últimos três meses vem apresentando uma leve redução. Ainda é uma taxa elevada, porém pode ser considerada como um indicativo de retração no consumo e cautela do consumidor, dado que já encontra-se expressivamente endividado com limitações para comprar novos produtos por meio de crédito parcelado. O problema é mais grave quando se observa o aumento na inadimplência e a parcela da renda comprometida com dívidas. Em parte, por que os consumidores estão inseguros para contrair novas dívidas, diante do cenário econômico da atualidade, com juros elevados, inflação em alta e redução no emprego e na renda, etc. O conjunto desses indicadores refletem dificuldades na realização de vendas no comércio varejista.

Dívidas ou Contas em Atraso:  A intensificação das dificuldades para o consumidor com consequências para os empresários também aparece quando se compara o percentual dos endividados que tinham dívidas ou contas em atraso em março /2016 com os inadimplentes registrados pela PEIC (CNC/FECOMÈRCIO PA) em 2015. No ano anterior, a taxa já era expressiva: 21%, porém atualmente a taxa de inadimplência está em 36,6%. Desses 8,6% afirmaram que não terão condições de quitar as dívidas, enquanto que em 2015 eram 6,9%. 

Tempo Médio de Dívidas a pagar e Parcela da renda comprometida com dívidas: Os consumidores que já estão endividados tem dívidas com parcelas a vencer por pelo menos quase 6,5 meses. Esse indicador, associado ao percentual de 31,3% dos orçamentos das famílias que estão comprometidos para pagamento das dívidas em média por um semestre, representam um limitador para as compras futuras, com agravo de que a parcela da renda comprometida com dívidas já ultrapassou o limite prudencial. Esses indicadores comprometem mais profundamente as possibilidades de venda e refletem problemas dos consumidores para quitarem suas dívidas. 

Principais Tipos de Dívidas: Os principais tipos de dívidas que os consumidores revelaram possuir no mês de março foram: com o cartão de crédito (75,1%) -   que continua a modalidade preferencial utilizada nas compras a prazo-, seguido pelos carnês (25,5%), crédito pessoal (16,7%), crédito consignado (10,3%).

 

Pesquisa de Endividamento e Inadimplências do Consumidor- PEIC: Síntese dos Resultados.

ANO DE 2016

JAN/2016

FEV/16

MAR/16

MAR/15

Total de Endividados (%)

75,7%

75,4%

74,9%

64,5%

Dividas ou Contas em Atraso (%)

37,9%

37,1%

36,6%

21,0%

Não Terão Condições  de Pagar

8,8%

9,0%

8,6%

6,9%

Tempo Médio com pagamento em  Atraso     ( em dias)

61,3

60,3

59,5

63,9

Tempo médio de comprometimento com dividas (em meses)

6,6

6,6

6,5

4,9

 

Parcela média da  Renda Comprometida com dividas ( em %)

 

30,6

30,7

31,3

27,5

Fonte: CNC/FECOMÉRCIO-PARÁ

 

PEIC/ PA:  Endividamento por Faixa de Renda

 

 

 

PEIC/PA: Contas em Atraso por Faixa de Renda ( Por faixa de Renda)

 

Jan/16

Fev/16

Mar/16

Mar/15

Até 10SM

38,2%

37,6

37,4

21,9%

Mais 10SM

34,8%

29,9

26,7

10,9%

Fonte: CNC/ FECOMÉRCIO-PARÁ 

 

PEIC/PA: Contas em Atraso por Faixa de Renda ( Por faixa de Renda)

 

Jan/16

Fev/16

Mar/16

Mar/15

Até 10SM

38,2%

37,6

37,4

21,9%

Mais 10SM

34,8%

29,9

26,7

10,9%

Fonte: CNC/ FECOMÉRCIO-PARÁ 

 

Principais Tipos de Dívidas

 

Total

Até10SM

Mais de 10 SM

 
 

MAR/16

 

Cartão de Crédito

75,1%

74,4%

81,1%

 

Cheque Especial

5,7%

4,9%

13,5%

 

Cheque Pré-Datado

1,9%

1,8%

2,7%

 

Crédito Consignado

10,3%

8,8%

24,3%

 

Crédito Pessoal

16,7%

16,0%

23,0%

 

Carnês

25,5%

25,9%

21,6%

 

Financiamento de Carro

8,4%

5,4%

36,5%

 

Financiamento de Casa

3,4%

2,6%

10,8%

 

Outras Dívidas

8,9%

9,4%

4,1%

 

Não Sabe

0,1%

0,1%

0,0%

 

Não Respondeu

0,3%

0,3%

0,0%

 

Fonte: CNC´/FECOMÉRCIO-PARÁ
NOTA: Quais os principais tipos de dívida que você possui neste momento?

 

Pesquisa Intenção de Consumo das Famílias – ICF.

Nível de Consumo Atual:  Sobre o nível de consumo, 47,6% informaram que estavam comprando menos do que no mesmo mês do ano passado. E 30,4% disseram que as compras estão no mesmo patamar do que compravam no ano anterior.

Fonte: CNC/ FECOMÉRCIO-PA
NOTA: Pergunta feita ao entrevistado:  A sua família está atualmente, comprando mais, menos ou igual ao ano passado?

 

Perspectiva para Consumo Futuro: Na Pesquisa de intenção de Consumo das Famílias – ICF, a perspectiva de consumo futuro foi reduzida em -4%. Influenciados, entre outros fatores, em grande parte pelas altas das taxas de juros, cerca de 65,8% afirmaram que atualmente o momento é péssimo para compras a crédito, isto é muito prejudicial para o comércio pois tem impacto direto sobre as vendas, dado que a modalidade de crédito é a principal forma de compras adotada pelos consumidores.  Tanto que para 67,9% das famílias é um mau momento para compras de bens duráveis. 

FonteCNC/FECOMÉRCIO-PA
NOTA: Pergunta feita ao entrevistado: Pensando em bens duráveis (eletrodomésticos, TV, som, etc.) para casa, o Sr(a). acredita que, em temos gerais, atualmente é um bom ou mau momento para as pessoas comprarem essas mercadorias?

consumidores. O comportamento do Consumidor aqui identificado foi influenciado por diversos fatores, mas também, em grande parte, pela redução no emprego. Observando os dados do CAGED/MTE no período de janeiro a fevereiro /2016 já foram eliminados no estado do Pará, 6.717 postos de trabalho formais, destes 1.336 foram do comércio e serviços, correspondendo a uma redução no estoque de empregos de -0,34% e 0,23% respectivamente. Nos últimos 12 meses no Estado, considerando todas as atividades, já foram reduzidos 4,95% dos postos de trabalho no estoque de empregos formais.  O decréscimo no nível do emprego e a consequente redução da massa salarial, contribuem significativamente para o recuo na Intenção de Consumo das Famílias.

 

Estado do PARÁ:  Evolução do Emprego por Setor de Atividade

 

JAN-FEV/2016

EM 12 MESES

ATIVIDADE ECONOMICA

TOTAL ADMIS.

TOTAL DESLIG.

SALDO

VARIAÇÃO EMPR%

TOTAL ADMIS.

TOTAL DESLIG.

SALDO

VARIAÇÃO EMPR%

    EXTRAT. MINERAL

510

445

65

0,33

3.774

3.028

746

3,89

IND.TRANASFORM.

4.915

6.536

-1.621

-1,82

37.495

41.065

-3.570

-3,93

SERV.IND.UTIL.PUB.

401

205

196

2,41

1.650

1.796

-146

-1,72

CONSTRUÇÃO CIVIL

8.128

11.192

-3.064

-3,08

71.015

96.528

-25.513

-20,9

COMÉRCIO

12.422

13.145

-723

-0,34

87.889

92.030

-4.141

-1,91

COM. VAREJISTA

10.324

11.196

-872

-0,49

73.819

77.285

-3.466

-1,92

COM. ATACADISTA

2.098

1.949

149

0,43

14.070

14.745

-675

-1,88

SERVIÇOS

13.162

13.775

-613

-0,23

91.112

94.964

-3.852

-1,42

ADMIN.PUBLICA

9

38

-29

-0,11

214

238

-24

-0,09

AGROPECUÁRIA

4.089

5.017

-928

-1,79

28.250

31.808

-3.558

-6,52

TOTAL

43.636

50.353

-6.717

-0,87

321.399

361.457

-40.058

-4,95

Fonte: MTE (CAGED)/
Tabulação Especial: FECOMÉRCIO – PA / Assessoria Econômica

 

 Índice de Confiança do Empresário do Comércio - ICEC

O grau de confiança dos empresários do Comércio quanto á melhoria das condições da economia nacional para a realização de negócios também decresceu em -3%, com reflexos sobre as perspectivas de contratação de funcionários que foi reduzida em -6,4% e de -9,8% no nível de investimento das empresas, segundo pesquisa Índice de Expectativa dos Empresários – IEEC (CNC/FECOMÉRCIO-PA).

O desempenho negativo da economia nacional, com redução no nível das atividades econômicas, queda no emprego, aumento da inflação, elevação dos juros, queda no grau de confiança da economia, aumento do risco Brasil, problemas no cenário político do País etc geraram inseguranças quanto à manutenção dos empregos e padrão de renda e provocaram mudanças no comportamento do consumidor. Ao mesmo tempo em que também afetaram a confiança dos empresários quanto ás possibilidades de recuperação da economia.

Expectativa: Isto posto, acompanhamos a posição da Confederação Nacional do Comércio – CNC quando projeta para o ano de 2016 uma redução de cerca de -8,3% nas vendas do varejo Brasileiro e de -3,3% para o nível de emprego do setor. Mas, no caso do Pará, a FECOMÉRCIO/PA projeta para as Vendas do Comércio Varejista, uma redução no ano de 2016, menor do que a estimada para a média do Brasil.

A projeção é em torno de 4,5%, em função das expectativas positivas quanto ás medidas por parte dos agentes internos, como apoio aos investimentos produtivos e incentivos aos negócios, com ações que contribuam para atração de investimentos para o Estado, associada à capacidade do empreendedor local que tem para adotar estratégias de vendas.Com isso, espera-se que os efeitos da crise nacional sobre o desempenho da economia paraense possam ser amenizados.

Alerta: Para as empresas minimizarem os impactos desse cenário de dificuldades atual, precisam rever estratégias, repensar o modelo de gestão, gerenciar custos, adotar processos mais econômicos, ampliar a eficiência operacional, fortalecer parcerias, tomar decisões baseadas em pesquisas, observando os sinais do mercado e do consumidor.