O volume de vendas no comércio varejista no Estado do Pará em 2015 apresentou o pior resultado de sua História nos últimos 15 anos, com decréscimo no volume de vendas de 4,9% na comparação com o ano anterior. No varejo ampliado – com a inclusão dos resultados de material de construção e veículos e peças - a queda foi mais significativa, no patamar de 6,6%. Para a média do comércio varejista no Brasil, a queda foi de 4,3% e 8,6% respectivamente. A receita nominal de vendas no ano de 2015 ficou reduzida em menos 4,5%. Os desempenhos negativos alcançaram quase todas as atividades do comércio, principalmente as de material de construção, veículos e nos ramos mais dependentes das condições de crédito como eletroeletrônicos, móveis e equipamentos, mas também, em menor escala, os supermercados, tecidos, vestuário e livrarias apresentaram redução nas vendas. Desde o ano de 2001 (ano do início da série analisada) - quando as vendas decresceram -1,41%, o comércio não apresentava resultados negativos. Dados analisados pela Fecomércio-PA a partir dos resultados da Pesquisa Mensal do Comércio Varejista - PMC (IBGE).
Ainda sobre o setor comercial e como mais um drástico efeito da crise no varejo, o estudo da CNC com base nos dados do CAGED/MTE demonstrou que houve fechamento das lojas, no estado e na capital, com redução de 6% no número de lojas do varejo no ano de 2015 em relação ao ano anterior. Para a média do Brasil a redução alcançou cerca de 13,4%. O impacto da crise sobre o comércio também tem gerado redução do emprego. Dos 37.828 empregados com carteira assinada e que foram demitidos em 2015 no Estado, o setor de comércio e serviços, foi responsável pelos desligamentos de 17% desse total, apesar das estratégias adotadas por muitas empresas para evitar as demissões.
O setor comercial além de apresentar esse cenário de dificuldades, ainda tem como fator agravante e que pode engessar mais as vendas, indicadores preocupantes: 75% dos consumidores de Belém estão endividados, desses, 37,1% inadimplentes, os quais tem dívidas contraídas anteriormente para pagar por pelo menos 6 meses para frente e já estão com quase 30,7% do orçamento comprometido com dívidas para pagar mensalmente.
Apesar dos esforços dos agentes locais para dinamizar a economia, diante das fragilidades macroeconômicas e das politicas no cenário nacional, não serão suficientes para eliminar os efeitos negativos da crise, embora os investimentos locais possam dinamizar a economia estadual e amenizaer os efeitos, ainda assim, projeta-se para 2016 queda nas vendas do varejo, restrição do crédito e aumento da inflação etc.
Os empresários deverão estar atentos aos acontecimentos e ao quadro econômico e politico do País, serão tempos difíceis, o melhor é tomar decisões munidos de muita informação sobre os indicadores macroeconômicos e do cenário politico. Muita cautela na hora de tomar decisões e expandir os negócios, talvez, pelo menos no primeiro quadrimestre não seja adequado, a não ser para os que tem total domínio e conhecimento do mercado e identifique na crise oportunidades.
Lúcia Cristina de Andrade Lisboa
Assessoria Econômica Fecomércio-PA