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Conjuntura econômica reflete a crise e contamina expectativas futuras

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Conjuntura econômica reflete a crise e contamina expectativas futuras

22/12/2015 10:36:11

A crise econômica no Brasil tem fortes impactos sobre as atividades econômicas dos estados. O quadro da conjuntura no estado do Pará demonstra os efeitos da crise nacional, com decréscimos nas vendas do comércio varejista, aumento da inadimplência, redução dos investimentos, recuo na intenção de consumo, redução nos postos de trabalho, decréscimos nas importações, queda no índice de expectativa e confiança do comércio e dos empresários, etc. E a situação política e econômica atual contribui para a configuração de um cenário difícil e desafiador para 2016.

Volume de Vendas

O volume de vendas no comércio varejista no estado do Pará, no mês de outubro, decresceu 14,4% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. No ano são perdas subsequentes. Nos 10 meses de 2015, somente no mês de março é que as vendas foram positivas. No ano, as perdas no volume já acumulam 4,1% e para a média do comércio varejista no Brasil, a queda é de 3,6%. Esses são dados analisados pela Fecomércio-PA a partir dos resultados da Pesquisa Mensal do Comércio Varejista - PMC (IBGE).

Dos segmentos econômicos que compõem a pesquisa da PMC, os resultados para a média do Brasil, considerando o comércio varejista ampliado somente as atividades de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (3,1%), os de equipamentos e material para informática e comunicação (0,6%) e artigos de uso pessoal e doméstico (0,3%) é que registaram moderado crescimento no volume de vendas. Por ouro lado, a maioria das atividades acumulam expressivas perdas no volume de vendas: veículos e motos, partes e peças (-16,9%); móveis e eletrodomésticos (-13,3%); livros, jornais e papelaria (-9,6%), Tecidos, vestuário e calçados (-7,5%); material de construção (-7,4%); Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (- 2,1%).

Como a dinâmica das vendas está associada em grande parte à disponibilidade de crédito, na medida em que o crédito ficou mais caro, em decorrência da constante e expressiva alta da taxa de juros, as atividades nas quais a modalidade de vendas principal é no crediário, sofrearem maior impacto dos juros elevados, além disso, para todas as atividades do comércio em geral constatou-se  dificuldades nas vendas, influenciadas também pela redução na massa salarial e  no poder aquisitivo da população, como consequência da queda de 16.480 empregos com carteira assinada no estado, somente até o mês de outubro de 2015 e da alta nos preços, com inflação acumulada de 9,62% (IPCA-IBGE) no período de janeiro a novembro de 2015.

A receita das vendas, descontada a inflação acumulada no período de janeiro a outubro apresenta um decréscimo na ordem de 5,3%, no caso do estado do Pará e para o Brasil, 5%.

Constituição e Extinção de Empresas

Com a redução na demanda tem havido um “freio nos investimentos”, com influência sobre a constituição de novas empresas. Segundo informações disponibilizadas pela JUCEPA, no primeiro semestre do ano de 2015 foram desativadas 4.951 empresas e constituídas 4.828, um saldo negativo de – 123 estabelecimentos. Isso revela um indicador da crise, já que nos últimos anos a proporção entre constituição e extinção alcançava a média de 12.000 constituições para cerca de 2000 extinções, saldo médio de 9.000.

Indústria

No acumulado do ano a indústria paraense ainda consegue manter taxa positiva de crescimento, pela PIM (IBGE) até outubro houve um crescimento de 5,9%, mas na análise mensal, já observa-se queda na produção. No Mês de outubro a indústria encolheu 6%.

Emprego Formal

O saldo do emprego formal com carteira  assinada no estado do Pará, registrou uma variação negativa de -2,03% e de -1,99% para a média do Brasil.  O saldo entre admitidos e desligados provocou uma redução de -16.480 postos de trabalho no período de janeiro a outubro de 2015. Dentre as atividades os saldos foram:  -12.478 demissões provenientes do setor da Construção Civil; 1.618 da atividade agropecuária; Comércio 1.658; -978  indústria de transformação, -206 administração pública; -138 dos Serviços Indústriais de Utilidade Pública,  - 100 na extrativa mineral. Serviços foram positivos em 688.   O Comércio varejista  ao longo do ano ainda vêm tentando, pelo menos manter o nível de emprego, mas ainda assim, os dados do CAGED- MTE,  indicam que foram admitidos 77.223 e demitidos 78.891, uma redução de -0,77 no acumulado do ano. Isto considerando apenas os movimentos nos empregos nos estabelecimentos formais que constam no CAGED/MTE.  

Pesquisa Endividamento e Inadimplência do Consumidor Paraense - PEIC (CNC/Fecomércio-PA)

Endividamento: A taxa de endividamento do consumidor paraense apresentou redução de 1,8 pontos percentuais em relação à pesquisa do mês anterior, cuja taxa era de 78% e passou para 76,2% e registra praticamente mesmo nível de endividamento de dezembro de 2014 (76,3%). Porém ainda é uma taxa elevada e pode indicar que o consumidor já está expressivamente endividado e que não consegue mais contrair novos produtos por meio de crédito parcelado. O problema é mais grave quando se observa o aumento da inadimplência e a parcela da renda comprometida com dívidas. Em parte, por que os consumidores estão inseguros para contrair novas dívidas, diante do cenário econômico da atualidade com juros elevados, inflação em alta e redução no emprego e na renda, etc.

Dívidas ou Contas em Atraso: A intensificação das dificuldades para o consumidor com consequências para os empresários também aparece quando se compara o percentual dos endividados que tinham dívidas ou contas em atraso em dezembro de 2015 com os inadimplentes registrados pela PEIC (CNC/Fecomércio-PA) em 2014. No ano anterior eram 12,4% e atualmente está 38,1% de inadimplência. Desses 8,3% afirmaram que não terão condições de quitar as dívidas, enquanto que em 2014 eram 1,2%. Esses indicadores comprometem mais profundamente as possibilidades de venda e refletem as dificuldades dos consumidores em quitar suas dívidas.

Tempo médio de dívidas a pagar e parcela da renda comprometida com dívidas: Os consumidores que já estão endividados têm dívidas com parcelas a vencer por pelo menos quase 6,6 meses. Esse indicador, associado ao percentual de 30% do orçamento das famílias que estão comprometidos para pagamento das dívidas em média por quase 7 meses, representam um limitador para as compras futuras.

Principais Tipos de Dívidas: Os principais tipos de dívidas que os consumidores revelaram possuir no mês de novembro foram: com o cartão de crédito (75,7%) - que continua a modalidade preferencial utilizada nas compras a prazo-, seguido pelos carnês (24%), crédito pessoal (18,7%), crédito consignado (10,5%), outras modalidades não especificadas (9,4%) financiamento de carro (7,4%), cheque especial (6,1%), financiamento de casa(5,7%) e cheque pré-datado (2,2%). 

Expectativa e Projeções 2016

Analisando a conjuntura econômica do ano de 2015, observa-se  resultados concretos de deterioração do quadro econômico em todos os aspectos,  por isso, infelizmente é certo que  a crise irá continuar por todo o ano de 2016. Essa crise é anterior ao ano de 2015 e como não houve nenhuma mudança de ordem estrutural na economia e ainda se intensificou uma grave crise politica e de credibilidade, com consequências danosas, como rebaixamento do Brasil, que afungenta investidores, etc. as projeções são de mais recessão nas atividades econômicas, mais dificuldades para consumidores  e empresários.

Principais Projeções

Inflação

Continuará em alta em 2016. Talvez em menor patamar , dado que em 2015 já ocorreram expresivos aumentos nos preços administrados como gasolina, energia,espera-se que os preços já estejam aliados. Porem a alta do dólar exercerá forte pressão, principalmente sobre os preços das comoditites, dos alimentos básicos como trigo etc. Estima-se uma taxa acumulada em torno de 10%.

Alta do dolár

As previsões é de que  o dólar continuará em trajetória ascendente e pode chegar até o final de 2016 há  R$4,50,  decorrente, em parte  das incertezas sobre a economia e politica nacional, da queda de credibilidade do País que tem influência a desvalorização do real frente ao dólar. Além da elevação dos juros no mercado americano que associado aos problemas de nossa economia, torna o Brasil menos atraente para os investidores.   A alta do dólar será beneficia apenas os exportadores  que receberão mais dólares por real exportado , mas a  inflação e demais indicadores macroeconômicos será um grande prejuízo. 

Restrição do Crédito

È possível que haja uma redução nas  disponibilidades e linhas de crédito para as empresas. O setor empresarial terá dificuldades com os efeitos da crise que  que perdurará em 2016, principalmente as empresas que necessitam de crédito para a realização dos negócios.

A instabilidade na economia e no cenário politico, afetarão as atividades,  aumenta o risco de inadimplência e os bancos por sua vez ficam mais rígidos  para conceção de crédito. Obter empréstimo será mais difícil .

Produto Interno Bruto- Brasil

Diversas Instituições estão fazendo constantemente revisões sobre as previsões para o PIB em 2016, infelizmente todas com retração. O Banco Central estimou uma desaceleração de 2,04%, a CNI de 3,5%.

Alerta

Os empresários deverão estar atentos aos acontecimentos e ao quadro econômico e politico do País, serão tempo difícies, o melhor é tomar decisões munidos de muita informação sobre os indicadores macroeconômicos e do cenário politico . Muita cautela na hora de tomar decisões e expandir os negócios, talvez , pelo menos no primeiro quadrimestre não seja adequado, a não ser para os que tem total domínio e conhecimento do mercado e identifique na crise oportunidades.

Lúcia Cristina de Andrade Lisboa

Assessoria Econômica Fecomércio-PA