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As dificuldades para o varejo

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As dificuldades para o varejo

19/10/2015 09:41:12

O comércio varejista continua sofrendo impactos da crise econômica. Em agosto de 2015 as vendas no Estado do Pará decresceram -6,1% na comparação com o mês de agosto de 2014 (com base na PMC/IBGE). Esse é o pior resultado da série histórica do ano de 2015 até agora. Em quase todos os meses do ano, com exceção do mês de março de 2015 (3,8%), todos os resultados das vendas foram negativos. O quadro verificado também para a média do Brasil cuja as vendas no mês de agosto de 2015 foram menor em -6,9% em comparação com a verificada no mesmo mês do ano anterior.

No acumulado do ano, para o comércio restrito no estado do Pará, o volume de vendas decresceram -2,2% mas no comércio varejista ampliado, quando são incluídos os resultados das vendas de material de construção e automóveis, a queda nas vendas é pior ainda: - 7,1%.  Na média do Brasil no período de janeiro a agosto, o comércio restrito vendeu menos -3,0% e no varejo ampliado o decréscimo no ano já é de -6,9%.

A receita nominal de vendas no acumulado do ano até agosto é de 2,4% para o Pará, se deduzir a inflação do período (7,06%- IPCA-IBGE- jan/ago), constata-se variação negativa de 4,66% na receita do comércio varejista ampliado. A situação da média do Brasil é mais grave ainda.

As pesquisas da CNC/Fecomércio-PA: Pesquisa de Endividamento e Inadimplências do Consumidor (PEIC); Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) e Índice de Expectativa dos Empresários (IEEC),  infelizmente além de confirmar o quadro atual, também indicam perspectivas negativas para o desempenho global do ano de 2015  e as dificuldades para a reversão desse cenário no curto prazo.

Na PEIC, observou-se o expressivo aumento dos inadimplentes no mês de setembro de 2015, quando 36,7% dos consumidores afirmaram ter dívidas ou contas em atraso, no mesmo mês do ano anterior (setembro de 2014) esta taxa era de 15%.  E dos que estavam inadimplentes, 9,8% registraram não ter condições de pagar essas contas no mês seguinte. No mês do ano anterior esta taxa era de 3,2%. Cerca de 74,9% estavam endividados e com parcelas a vencer por pelo menos quase 7 meses.  E com agravo, a parcela da renda comprometida com dívidas já ultrapassou o limite prudencial: está em 32%.

Na Pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), influenciados, em parte pelas altas das taxas de juros, cerca de 65,8% afirmaram que atualmente  o momento  é  péssimo  para compras a crédito. Isto é ruim para o comércio pois tem impacto direto sobre as vendas, dado que a modalidade de crédito é a principal forma de compras adotada pelos consumidores, tanto que para 70, 5% das famílias, é um mau momento para compra de bens duráveis. 

Sobre o nível de consumo, 47,4% informaram que em agosto de 2015 estavam comprando menos do que no mesmo mês do ano passado e 30,7% disseram estar comprando a mesma coisa. Fato também influenciado pela redução no emprego, observando os dados do CAGED/MTE no período de janeiro a agosto de 2015, foram eliminados no estado do Pará, 8.199 postos de trabalho formais, destes 1.531 foram do comércio, correspondendo a uma redução no estoque de empregos de -1,1% e -0,71%, respectivamente.

O grau de confiança dos empresários do Comércio quanto a melhoria das condições da economia nacional para a realização de negócios também decresceu em -0,6%, com reflexos sobre as perspectivas de contratação de funcionários que foi reduzida em -0,9% e de -1,8% no nível de investimento das empresas, segundo pesquisa Índice de Expectativa dos Empresários (IEEC - CNC/Fecomércio-PA).

O desempenho negativo da economia nacional, com redução no nível das atividades econômicas, queda no emprego, aumento da inflação, elevação dos juros, queda no grau de confiança da economia, aumento do risco Brasil, problemas no cenário político do País, etc., geraram insegurança quanto à manutenção dos empregos e padrão de renda e provocaram mudanças no comportamento do consumidor. Ao mesmo tempo em que também afetaram a confiança dos empresários quanto as possibilidades de recuperação da economia. Desse modo, acompanhamos a posição da Confederação Nacional do Comércio (CNC) quando projeta para o ano de 2015 uma redução de cerca de -3,6% nas vendas do varejo. Embora no caso do Pará ainda esperamos que medidas internas de apoio aos investimentos produtivos e incentivo aos negócios etc., e a capacidade do empreendedor local que tem de adotar estratégias de vendas, possam amenizar os efeitos da crise sobre o desempenho da economia paraense.

Texto: Lúcia Cristina de Andrade / Assessora Econômica Fecomércio-PA